OLHAR DE POETA

Paro o meu olhar pensativo e sério

Sobre uma árvore sozinha na paisagem

Despenteada pelos ventos de Outono

Assim como eu desfolho as minhas folhas

Numa escrivaninha que sabe os meus sonhos

Tal como aquela árvore estou em mudança

Ela pelo vento e eu pelo fogo da vontade

Reduzindo a cinzas os males de ontem

Sobrevivi a tristes acontecimentos

Libertado do sofrer por família e amigos

Preenchendo a minha paisagem de todas as cores

Desenhando traços sorridentes na minha tela

Pendurada ao nível das minhas mãos

Agradecidas pelo talento da minha vocação

Renascendo para a vida com minhas vivências

Acompanhado por uma qualquer fantasia de tantas

Mas acima de tudo como aquela árvore

As minhas raízes enterram-se profundas

Alimentando-se nas veias da confiança

Nessa terra que reclamará sem benevolência

A si a podridão da nossa carne mortal

Mas a razão bela da primavera sugará

Nossa alma inocentemente imortalizada

Na eternidade que o tempo expõe infinito

Comigo, aquela árvore ali despenteada

Deixaremos ambos de ser, seres solitários

Diante dela escrevo verbos de encorajar

Sobre o conforto da minha fiel escrivaninha

Escrevendo o meu faz de conta tão real

Como as folhas que regressarão aquela árvore