Sonho de um poeta mediocre (Eu)

SONHOS DE UM “POETAÇO”

Nos versos pés quebrados que eu faço,

Sem rimas e sem métrica,

Revelo minha má veia poética,

...Que embaraço!

Aos versos os regurgito, sem estética

“Sem regra e sem compasso”,

E a mim servem de laço,

Os meandros da fonética.

Como posso rimar ética com métrica?

...Ou compasso com laço?

Daí meu embaraço... Que faço?

... Que condição mais tétrica!!!

Quem me dera tivesse Dons poéticos,

De onde pérolas de versos aflorassem

De forma forte e fina, que ficassem

Perfeitamente estruturados e estéticos.

Seria então como se germinassem

Vergeis florindo meus jardins herméticos,

Poetar versos bons... Não os patéticos

Versos que faço;... e que predominassem.

E que aos lindos versos que fizesse

Toda a posteridade que os herdassem

Os lesse,... Os recitassem e os amassem,

Do modo que gostassem e que quisessem

E quais dos grandes vates, quem os lessem,

...De pronto os decorassem,

Sem importar o tempo que levassem,

...Jamais os esquecessem.

Que em todas as línguas os traduzissem,

Mortas ou vivas,... E em seus dialetos,

E figurassem seus nomes entre os seletos,

Dos principais poemas que existissem.

E que mesmo outros poetas que os vissem,

Ao declamarem-nos se emocionassem

E assim catalíticos eles ficassem

Contaminando a todos que os ouvissem.

E num longínquo futuro onde chegassem,

A milhares de séculos ainda distantes,

Quais de Homero, Virgílio e Cervantes,

Dos catalectos vigentes eles constassem.

Não que aos deles, humildes, se igualassem,

Ou calassem o que antigas musas cantaram

Mas como últimos seguissem aos que ficaram,

E em citações poetas os decantassem.

Que os poemas de amor, eu os fizesse

Transmitindo as emoções que então sentisse

De modos que quem os lesse ou os ouvisse

As emoções que tive,... Ali tivesse

Que minha alma por mais que não partisse,

Desta terra, e por toda ela vagasse

E até o fim dos tempos aqui penasse

A recitá-los em cada canto os ouvisse.

E se entre outras almas que encontrasse,

Quais futuros Tirésias, ali estivessem

Todas os vates antigos que houvesse

Feito versos quais eu... E os amasse.

Talvez os seus saberes me ensinassem

Os que de crúzios padres os receberam,

Ou mostrando-me as fontes onde beberam,

Os antigos também me estimulassem.

E que se em outra vida aqui voltasse,

O destino ao trazer-me me trouxesse,

Condições propícias, e eu não tivesse

Que tão cedo trabalhar, mas estudasse.

Que todos os demais erros eu cometesse,

Qual nesta vida os tenho cometido,

E qual reincidente empedernido,

Os castigos novamente eu recebesse.

Mas um único talvez eu não quisesse

Nunca mais cometê-lo novamente,

Parar de estudar... é indecente,

Este eu consertaria se pudesse.

Mestre Egídio
Enviado por Mestre Egídio em 31/01/2008
Código do texto: T841360