Renascença
Renova-te!
Não há de haver
A morte que sele-me a minh'alma
Deste sepulcro quedara-se-me
O temor adjacente dela
Meu sol eclipsado
Putrefaça-me meu carnal
Que a terra jaza-me no final
O mesmo barro que o homem é criado
É o tal que padece-o soterrado
Contemplara-me o fulgor
Desvanecer
A minha vida culminar
Ela era maior do que eu poderia ser
Por que se eu vira-te, todavia ainda a ti te temi?
Quiça enfadara-me ao ver-me assim
Em nascimento sapiente do aguardo do meu fim
Porém não hei-me sido parido para ti
Posto que apenas enxergarás-me
A partida vivaz e a consumição
Não hás de poder de suspirar alguém
Todos os homens
Morrem e revivem à todo o momento
Ao romper e descansar da aurora
Contudo são declarados ao sol
Pretéritos defuntos, hão de conceber futuros
Retomo-me ao clássico, para ter-me no renascimento
De etéreos partos
Não és o nosso lamento
Ó Morte, morrerás ao fim
Quando do pó que se retornou
Para o espírito ressurgir
Ainda que músculos mortifiquem-se
O coração ascenderá
À entrega da promessa
Ao reabrir d'aliança
Em suma nada fora-se sido em vão
Apesar que vieste à recolher-nos
A morte é apenas uma transição
Hoje ergo-me de minhas mortalhas
Feito a fênix reedificada das cinzas e brasas
Que haja luz
Não subsistirá rocha alguma
Em meu caminho
Que seja óbice em minha transfiguração
Enquanto habitar-me a dádiva
O decesso nunca prevalecera-nos
Agora é o cântico de glória
Pois anunciamos a nossa vitória
A ressurreição, assim veio-nos então
Um réquiem aos que se foram
Entretanto suspiram tosquenejados a espera
Minha carapaça outorgara-me asas de Bennu
Quando matara-me minha velha criatura
Eis que tudo se fez novo
Eu morrera vivo
Nascera enquanto morto
Um ouroboros mais-que-além
Borboletas voarão de casulos
Tomaste-me minha corpulência
Mas nunca me roçaste
Em minh'alma, alma!
É necessário desencarnar para ressuscitar
Nossa esperança, nossa renascença
Oriunda da conduzida nascença
Um corpo se desaba n'água
E outro levanta-se dela
A eterna, sem finamento
Ser-me um com ela
Despertemos-nos além do póstumo
Renovemo-nos ao epílogo
Estiveramos-nos nas trevas
Passo pela penumbra
E estar-nos-emos em luz
A primavera florecerá-nos
Ao irradiar de Amaterasu
A quem jurara-nos a tua graça
Depois da consumação da carne
Queimai-nos até salvai-nos
Batizado em sant'alma de vós
O sofrimento extinguirá-se
Brilharemos mais que o Sol!!!!
Sem desesperai-vos
E alma renascerá!!!
Não morrereis nunca mais!!!
VIVEREIS!!!