A Dança
o medo veio primeiro
com os pés descalços e os olhos grandes
sussurrando nas paredes da alma:
“não vai…”
mas o êxtase respondeu com um riso de criança
e rodopiou no peito:
“mas já fui.”
e então os dois se deram as mãos —
sem raiva, sem disputa
como quem sabe que a dança não é pra vencer
é pra se perder
o medo tremia
o êxtase brilhava
e no compasso entre um e outro
nasceu o silêncio que sabe
aquele que não pergunta
aquele que não precisa provar
aquele que simplesmente é
como o céu é
como o mar é
como tu és
o medo aprendeu a sorrir
o êxtase aprendeu a esperar
e juntos,
eles costuraram o infinito
no corpo do instante.