CEGO E SURDO

Amparado por uma bengala com duas cores, branca e vermelha, o que denota escuridão e silêncio, o idoso seguia na calçada do destino rumo ao desconhecido.

A bengala o descrevia em virtude de seu simbolismo, mas quanto a isso quem mais na multidão saberia o significado? Decerto poucos, raríssimos eu diria, embora muitos percebessem que ele não via nem ouvia, só ia, tão somente, devagar e claudicante.

Para onde, qual o caminho que desejava percorrer? Saberia ele? Talvez nem mesmo o próprio. E como no escuro e no silêncio o conseguiria? Por que então se encontrava ali, dada a sua situação de amparo na bengala bicolor?

A vontade era perguntar, ajudar, socorrer, e eu bem quisera. A bengala de duas cores no entanto era empecilho. Não por sua parte alva, claro, senão pela vermelha, essa sim o maior obstáculo no meu entendimento.

Então o que ele fazia na rua se a bengala na mão trêmula e hesitante explicava seu triste estado? Seria decisivo se todos entendessem o sentido da bengala com tons de vermelho e branco. Como saber, se se trata de algo específico de um pequeno nicho social?

As autoridades deveriam divulgar para toda a população que se alguém caminha devagar e claudicante ajudado por uma bengala pintada de branco e vermelho, é porque ao mesmo tempo sofre de deficiência visual e auditiva. Nesse caso, por questão de humanidade merece toda ajuda possível.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/03/2025
Reeditado em 26/03/2025
Código do texto: T8294272
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.