Foi Mar, Areia
Foi mar, foi mar, foi mar, areia
Se até o mar aqui secou porque estou a transbordar?
Toda essa imensidão já foi maré sob influência do luar
Foi mar, foi mar, foi mar, areia
Já estive a ponto de naufragar, já estive em ponto de me encontrar
Em formação rochosa não há outra forma de viver senão perdoar
Caluniar a virada de tempo, do dia, não faz sentido, não há contorno
Experimentar o gosto do vento no rosto tremido, sem opção de retorno
Foi mar, foi mar, foi mar, areia
Fui em direção ao que imaginava ser e encontrei o que não sabia existir
Já pelejei em riacho, em beira de rio, em águas turvas, correntezas
Já mergulhei em poças rasas e fundas, como se espelho d'água fossem
Tentei esquecer o ditado popular "Gaivotas em terra, tempestade no mar"
Mas a cada respiro para ao solo voltar, sem fôlego me vi, boiando no ar
Foi mar, foi mar, foi mar, areia
Num deserto de sal, areias claras, passos marcados, de cisco nos olhos
Seguro de que não há água suficiente em minhas veias para me afogar
Sigo a sede, o seco secar em mim, um processo, rumo ao gotejante oceano
Areia, areia, areia, foi mar.