Foi Mar, Areia

Foi mar, foi mar, foi mar, areia

Se até o mar aqui secou porque estou a transbordar?

Toda essa imensidão já foi maré sob influência do luar

Foi mar, foi mar, foi mar, areia

Já estive a ponto de naufragar, já estive em ponto de me encontrar

Em formação rochosa não há outra forma de viver senão perdoar

Caluniar a virada de tempo, do dia, não faz sentido, não há contorno

Experimentar o gosto do vento no rosto tremido, sem opção de retorno

Foi mar, foi mar, foi mar, areia

Fui em direção ao que imaginava ser e encontrei o que não sabia existir

Já pelejei em riacho, em beira de rio, em águas turvas, correntezas

Já mergulhei em poças rasas e fundas, como se espelho d'água fossem

Tentei esquecer o ditado popular "Gaivotas em terra, tempestade no mar"

Mas a cada respiro para ao solo voltar, sem fôlego me vi, boiando no ar

Foi mar, foi mar, foi mar, areia

Num deserto de sal, areias claras, passos marcados, de cisco nos olhos

Seguro de que não há água suficiente em minhas veias para me afogar

Sigo a sede, o seco secar em mim, um processo, rumo ao gotejante oceano

Areia, areia, areia, foi mar.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 24/03/2025
Reeditado em 24/03/2025
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