Dois Naufrágios
Ela carrega nos olhos o peso da dor,
ele, no peito, um silêncio sem cor.
Dois corações que aprenderam a queda,
caminham sozinhos, sem força, sem pressa.
Ela já foi tempestade e bonança,
hoje é só sombra da antiga esperança.
Ele já foi fogo, já foi furacão,
agora é só cinza e desilusão.
Se cruzam na rua sem se perceber,
dois mundos partidos sem mais porquê.
Talvez, se soubessem que são tão iguais,
pudessem curar o que dói ainda mais.
Mas seguem distantes, sem mão, sem abrigo,
dois naufrágios que nunca se tornam navio.