Dois Naufrágios

Ela carrega nos olhos o peso da dor,

ele, no peito, um silêncio sem cor.

Dois corações que aprenderam a queda,

caminham sozinhos, sem força, sem pressa.

Ela já foi tempestade e bonança,

hoje é só sombra da antiga esperança.

Ele já foi fogo, já foi furacão,

agora é só cinza e desilusão.

Se cruzam na rua sem se perceber,

dois mundos partidos sem mais porquê.

Talvez, se soubessem que são tão iguais,

pudessem curar o que dói ainda mais.

Mas seguem distantes, sem mão, sem abrigo,

dois naufrágios que nunca se tornam navio.

Eduardo Kaled
Enviado por Eduardo Kaled em 13/02/2025
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