Canção do Recomeço

No trânsito agitado, nas manhãs geladas,

dos dias por detrás das falas, eu me perguntava

por onde andavas quando eu era solidão no nosso

leito de insônias.

Onde estavas quando as luzes das estrelas

iluminaram meus olhos e me guiaram a um

porto órfão de embarcações, a perseguir um rio

que com seu curso certo cairia nos braços do mar...

Onde está, porque não encontro?

Descobri num canto qualquer perdido o meu

saber e me dei conta que não era tu que te

escondias.

A música negra dos tambores distantes

me carregam para um entardecer exuberante,

ainda procuro as cores que não existem nos meus

olhos e as vibrações da hera que arrepiavam minha

pele quando tu me tocavas.

E os tambores partiram

abdicando espaços, entregaram-se

ao silêncio da noite fria-cinza em meio

de uma nota em semi-tom,

trancafiando-se em conchas

esperando que suas mãos tragam

o sol dourando um recomeço.