MÁRMORE FRIO
Hoje me livrei dessa horrivel prisão;
Desse mármore frio que me congela o coração.
Vai ver, me apareceum Michelangelo da vida
pra arrancar-me da pedra e da paixão escondida;
pra trazer-me à tona
numa experiência sem dor
e transformar meu momento
num Marco de amor.
Como "alma" que surge da grande pedra bruta;
como bloco duro, sem vida que a tudo escuta,
vou surgindo aos olhos de quem me esculpe;
tomo forma e vida em veloz galope.
E assim me liberta, ainda envolto em pano,
o pequeno artista com cara de romano.
Num abraço infinito me aquece e me afaga,
estracaçalhando pra sempre a velha prisão amarga.
(A. Dourado)