Entre fé e asfalto
Minha mãe me puxa para dentro da igreja,
segura minha mão, ora pelo meu nome,
pede aos céus que eu encontre o caminho,
acredita que Deus vai me buscar de novo.
Mas as ruas me chamam com outra voz,
um sussurro forte, de pedra e poeira,
onde a vida se vende e se perde fácil,
num vai e vem sem promessa nem paz.
Ela reza e espera com olhos de fé,
crê que o filho um dia vai se encontrar.
E mesmo quando eu me afasto em silêncio,
ela vê um anjo onde só há um andarilho.
Eu caminho entre becos e bancos,
entre o asfalto frio e o calor do altar.
Minha alma, dividida entre dois mundos,
espera um milagre, sem saber onde estar.