Maria e Matheus

A Maria que das Dores é tão meiga

Carrega o sobrenome de amargura,

A impotência duma forma de teia

Coroada pelos nós duma ternura.

Maria salva alguns pobres da rua,

Oferta a caridade amando a graça,

Paga o ouro do cadáver e de sua

Penitência passada que lhe abraça.

As costas pesam pedras deslizantes,

Dorme com crucifixos e a fé tenra,

Maria tem sobre os olhos tão marcantes

A natureza, a relva sacra, a terra.

O contrário, Matheus apalpa a vida

Com o seu coração tão aventureiro,

Ele mastiga o fruto da comida

Que os tristonhos vomitam por inteiro.

Otimista e a pureza tão invejável

Atraem o olho inferior ao seu rosto,

Aqueles que se coçam com o amável

Jovem de rosto lindo e tão jocoso.

O sorriso é a sua fé que fisga o anzol:

Num calmo e envolto mar de novos peixes,

Matheus é salvação, a luz, o farol,

Presença desaguada em raios e feixes.

O dualismo é troféu de toda antítese:

Maria sofre com Dores já perpétuas,

Matheus apenas traz felicidade,

Maria apenas trouxe amor às pétalas,

Matheus alegrou o amor da mocidade.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 02/10/2024
Código do texto: T8164891
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