O meu grito
Hoje penso no meu grito, que, de forte, enfraqueceu.
Já não se importa mais com quem vive ou morreu.
Às vezes, apenas murmura o sonho que se perdeu.
Até uma lágrima cai, por uma vida que não nasceu.
Por que nos escondemos no choro da crueldade?
Daqueles que escondem do povo toda verdade.
Que não lutam pela vida, não conhecem a caridade.
Pois nunca nos amaram e só nos oferecem falsidade.
Então entoamos em silêncio o grito da liberdade.
E aos anjos do Senhor enviamos uma mensagem.
Somos teus filhos, Senhor, estamos nesta passagem.
Caminhamos firmemente para a grande viagem.
A terra prometida cultivamos, plantamos, colhemos.
Destruímos, em cinzas, transformamos o terreno.
Choramos pelos erros e pecados que cometemos.
Em breve, do pó que nascemos e ainda resta nos tornaremos.
Nas asas de um progresso que se esconde o retrocesso.
Os pobres que cambaleiam sempre procuram um ingresso.
Para sair das pistas, das ruas, dos becos deste universo.
Uma sopa quente, na noite fria, nem isto recebem destes perversos.
Quantas batalhas travei, confesso que até lutei.
Para defender a igualdade de tantas pessoas.
Diminuí o que tinha, aos pobres um pouco doei.
Mas confesso que foi pouco, um pouco mais eu farei.
Esperar por uma vida nova é insensato e demente.
E como ter amarrado os dois braços por uma corrente?
É como estar pregado na cruz, olhando para a sua luz.
O paraíso é logo ali, o céu é esperançoso, nos levem, Senhor Jesus.
Então, uma voz que soa no deserto de nossas vidas.
Encontra uma palavra que nos salva e sacia.
Em branda voz, Ele diz: se você em mim confia.
Siga-me, eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Então passeei pelas florestas, vi as aves alegres em festa.
Construí novos caminhos, pois a esperança ainda resta.
Meu grito se compadece, por uma morte estremece.
Pelo sangue derramado, injustiçado, ao Senhor uma prece.
Não deixeis que, por nosso descuido.
Uma vida se perca, ou seja, perdida.
Quanto ao meu grito, mesmo adormecido.
Chegue no coração de Deus e nos seus ouvidos.
Ledesmar José Walger - 23/08/2024