Quando a vida der uma trégua
Quando a vida der uma trégua,
Aproveite!
Corra logo,
Como se cada minuto fosse único.
Faça uma prece,
Ande descalço,
Ria descontroladamente,
Ande no mato,
Dance sem pressa,
Relembre momentos marcantes.
Lembre do primeiro amor,
Cheire devagarinho uma flor,
Tome café com seus amigos,
E, quem sabe, um chá com um desconhecido.
Veja fotos antigas,
Deite no chão,
Peça perdão.
Olhe as nuvens e, se der vontade, espere a lua e conte as estrelas.
Adormeça ao relento.
Despreocupado,
Como se a vida fosse só isso,
Sem boletos e compromissos,
Sem hora para recomeçar.
Quando a vida der uma trégua,
Escreva um verso,
rascunhe um poema,
Conte um conto engraçado,
Leia um bom livro,
Cante uma cantiga, mesmo que desafinado,
Se entregue ao passado, sorria do presente e se esqueça o futuro.
Quando a vida der uma trégua,
Visite um velhinho,
Caminhe com ele devagarinho,
Sente-se sem pressa, ouça seus conselhos.
Observe os passarinhos, olhe os lírios do campo.
Como nos disse o Mestre dos mestres:
"Pois, se Deus veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá a vós, homens de pouca fé?"
Se a vida não te der uma trégua,
Invente-se,
Corra atrás,
Busque a paz.
Ore todos os dias,
Desate os nós,
Jogue as cargas mortas ao vento.
Seja feliz.
Durma mais cedo de vez em quando,
Acorde mais cedo para agradecer.
Puxe o freio de mão e recarregue o coração.
Porque a vida é uma só.
Somos um instante.
Amanhã, pode ser que sejamos só lembrança.
Ju Lúcia Nascimento
Membro imortal da Academia de Letras de Araguaína - TO
ACALANTO