Arquipélago de Madeira
Ribeirinhos... nos meus olhos desde menino,
preso ao mar, mergulho ao mar profundo,
soltos ao vento, nas ondas deslizo,
nasce em cada ilhota, um tronco de vida,
enraizado no tempo, escorado na história.
É mar de lembranças, cercado de silêncio,
onde as águas são memórias que esculpem,
em carícias suaves, o contorno do vivido.
As árvores, altaneiras, guardam segredos,
sussurram canções antigas, ecoam nas folhas
os passos de quem já foi.
No arquipélago de madeira, os barcos são sonhos,
ancorados na espera, à deriva no desejo
de tocar a terra firme, que um dia, quem sabe,
florescerá em mares distantes.
E assim, entre as ondas, flutua o pensamento,
madeira que não apodrece, terra que não se afunda,
no arquipélago de madeira, onde o vento sopra vida,
e o tempo, sempre ele, cede passagem ao Deus Eterno.