Canteiros
Remexeu a terra velha, o arado deitou, arou de tombos e raízes, um solo de dores.
A flor é tão bonita, um sorriso de tinta nova.
Miudez de rocha, secretas pedras, secreções antigas.
Da chuva de dormir, umedeceu a secura e fundeza.
Há de brotar em canteiros, belezas de um lindo sol.
Quadros velhos se extinguem.
Num banquete de traças, consome se a moldura metida.
Acordou o homem e lavrador, cansou do dia arcaico.
Amolou o fio do corte, a enxada tem fome.
Desta janela tão tímida, observo um floral e semente.
A paisagem mudou, há um rio de calmaria, um canteiro cansado que dormiu.
Ao fundo, de horizonte e terra, um camponês menino, uma semente de paz.
Remexeu a terra...
João Francisco da Cruz