Aldeia

Moramos na mesma rua

Nem sempre vemos a Lua

Alguns dias não queremos ver o Sol

Estamos no mesmo barco

Sob a mesma corrente

Bebemos no mesmo copo

A mesma água que os antigos mataram a sede

Nisso reside o simples ciclo que dispomos

Um pálido ponto azul

O corpo nu depois do amor

Ao fechar os olhos vemos o infinito

Somos ele

Somos o universo em expansão

E também um ser qualquer tomando café

Cheio de medos, procurando respostas que nunca encontrará

O comum e o absurdo na mesma vizinhança

A certeza do abismo misturada à esperança

Não tem outra rua possível

Esse é um beco sem saída

Caímos no mesmo buraco

Subimos a mesma montanha da vida

Partiremos em seguida e os montes continuarão lá

Mas todos querem uma sombra para descansar

O pão na mesa e um projeto para labutar

Todos temos o mesmo destino

Por isso é necessário fazer um belo enredo

Algo que os mais novos irão se espelhar

Se essa rua, se essa rua fosse minha

Eu mandava todo mundo se abraçar

Seríamos uma velha aldeia

E ninguém iria nos atacar

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 06/08/2024
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