Aldeia
Moramos na mesma rua
Nem sempre vemos a Lua
Alguns dias não queremos ver o Sol
Estamos no mesmo barco
Sob a mesma corrente
Bebemos no mesmo copo
A mesma água que os antigos mataram a sede
Nisso reside o simples ciclo que dispomos
Um pálido ponto azul
O corpo nu depois do amor
Ao fechar os olhos vemos o infinito
Somos ele
Somos o universo em expansão
E também um ser qualquer tomando café
Cheio de medos, procurando respostas que nunca encontrará
O comum e o absurdo na mesma vizinhança
A certeza do abismo misturada à esperança
Não tem outra rua possível
Esse é um beco sem saída
Caímos no mesmo buraco
Subimos a mesma montanha da vida
Partiremos em seguida e os montes continuarão lá
Mas todos querem uma sombra para descansar
O pão na mesa e um projeto para labutar
Todos temos o mesmo destino
Por isso é necessário fazer um belo enredo
Algo que os mais novos irão se espelhar
Se essa rua, se essa rua fosse minha
Eu mandava todo mundo se abraçar
Seríamos uma velha aldeia
E ninguém iria nos atacar