QUEIXO DURO

QUEIXO DURO

Para o NAPOLEÃO E PARA ZELI MACHADO

Filho de Gato Biscacho

Com jaguatirica Alçada

Nasci fora da ninhada

E cresci no rigor pampiano

Me fustigando ao sogaços,

E no verão, por castigo

Sempre acontece, comigo

Sofrer os sóis e os mormaços.

E quando os golpes

Que eu levo destino,

Me sangram, como pontaços de adaga

Ou corneadas de boi brasino,

Eu mordo o beiço e enrugo a testa

E vou jogando para traz o que não presta

E sigo, em frente, sem perder o tino

E, assim, vou de chapéu quebrado,

Até que caia enredado

Por algum seio de laço,

Do qual eu não possa escapar

Mas se houver de me quebrar

Nalguma rodada extrema

Terei a gloria, suprema.

De não morrer sem pelear...

(26.11.70 Meu primeiro dia em Porto Alegre)

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 02/08/2024
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