Depressão

No ego fundo, no estreito, escuro, caminhos densos, risos fugidos.

De lá da estrada, ermo e vazio, à luz, negou, doce semblante.

Pedras de quinas, quedas, açoite, o vil espinho, sangrou a alma.

Meros jardins, flores à toa, se toda graça, não vale um céu.

Meiga e criança, céus cor de rosa, nuvens bonitas, inventei um paraíso.

Amotinados os sonhos, um brilho que seca, enrruga.

Quebrei o canto que dói, soltei os laços, o cordão pediu soltura, era tempo.

Pintei um quadro velho, lancei as tintas de sorrisos.

Deslizou por sobre a dor, um tempo bem curto.

O ventou soprou a cinza, plantei um ipê, um ninhal de vida e sábias.

Mudou o rumo, da rota escura, quebrou as trancas, tomou atalho.

Na água fria, riacho e belo, sol amarelo, manhã de luz.

Do vão, tristonho, bem cabisbaixo, trincou os elos, porta e prisão.

Então corri, venci os medos, cruzei os montes, monstros de mim.

Da graça e vida, dias de amor, de seiva e canteiros, colhi da flor.

No ego fundo...

João Francisco da Cruz