PONTA DE ESPERANÇA
Peça ainda pequena no espaço
Tudo aqui, agora em fôlego negro
Ou em coisas do amor e pedaços de mim.
Outra coisa num refúgio em alerta
De hipócritas de um dia qualquer
Em que Manuel Bandeira e Paulo Leminski
Fizeram parte do poeta Aires
Falando a dor da verdade nua e crua
De que ser estrela é duro demais
E o engano em desejos ardentes
É como água em água
Que se escoa por entre os dedos,
Após em embate em que tudo se abate,
De corpo e alma voando como um pássaro,
Sorrindo das maluquices que eu disse
Pouco antes de quase tudo começar entre nós.
Só o passado rodando à minha porta
Mostrando pedaços de mim em refúgios de volta,
Mas ainda arde a lembrança de te ver
Olhando as belas estrelas na noite de luar
E uma ponta de esperança aponta
Aquela nossa doce ilusão
Que havia se espatifado no ar.
Ao nada acontece na noite estrelada
Por entre as fulguras do nosso amor louco,
Mas tudo que se vê não é
E quando vi você sorrindo
Achei que tudo fosse maravilha
E agora tudo não passa de um disfarce
Que você inventou para sua grande performance.
Tem certas coisas que não sei dizer
Como, por exemplo, faltam-me palavras doces
E a amargura da vida é a triste verdade
Que marca em cada um de nós,
Em todos os tempos passantes,
E em outros lugares também.
A involuntária maneira de ser de cada um
Rege quase todos os sistemas
Que se desfazem a cada pôr do sol
E recomeça tudo de novo,
Quando quase ninguém acreditava
Que tudo poderia dar certo,
Mesmo sendo contraditória,
Na rotatória da vida,
Que vira e mexe,
Volta ao ponto inicial.
Ituiutaba – MG, 2011.