BR 404 A DIVISÃO
No meio do sertão,
um carroçal medonho
Na BR 404,
uma estrada de chão
Na divisa da discórdia entre Ceará e Piauí
Uma confusão que não tem explicação
Os viajantes se perdem na poeira
Sem saber para onde vão
Entre as placas tortas e a sinalização precária
A confusão reina nesse chão
Os buracos se multiplicam sem parar
Os pneus furados são a tradição
E os motoristas se perguntam onde vão parar
Nessa estrada sem fim,
sem direção
Os marcos geodésicos estão todos errados
Ninguém sabe onde está a fronteira
E os habitantes locais,
sempre desconfiados
Fazem piadas sobre essa besteira
Entre o Ceará e o Piauí,
a confusão é constante
Ninguém sabe ao certo onde está
E os viajantes,
perdidos e desorientados
Só querem sair desse lugar
Mas no fim das contas,
a confusão é só diversão
Nessa estrada de chão sem fim
Entre o Ceará e o Piauí,
na BR 404
Onde a confusão é o nosso destino,
enfim.
O sol escaldante queima a terra árida
O vento sopra forte,
levando a poeira esquecida
Nesse cenário desolado,
a culpa se revela
Em cada pedra no caminho,
em cada sombra que se revela
Os pássaros não cantam,
o silêncio é profundo
A culpa paira no ar,
como um manto imundo
Os olhos cansados dos viajantes que passam
Sentem o peso da culpa,
que nunca se deslaça
BR 404, estrada de chão sem fim
Onde a culpa se esconde,
no horizonte sem fim
Entre Ceará e Piauí,
a discórdia se faz presente
E a culpa nos consome,
eternamente
Nesse cenário misterioso,
onde a culpa reina
Onde o passado se mistura com a dor que nos envenena
No carroçal medonho,
na estrada sem perdão
A culpa nos acompanha,
como uma eterna maldição
Que possamos um dia,
encontrar a redenção
E deixar para trás,
essa culpa sem razão
Que a estrada de chão,
entre Ceará e Piauí
Seja apenas um caminho,
para a paz que um dia virá.
Solidão que me consome
Neste caminho sem fim
Onde o silêncio ecoa
E a tristeza habita em mim
A poeira levanta
E encobre meus passos
Caminho solitário
Em meio aos espinhos e aos laços
A paisagem árida
Reflete minha alma vazia
Em busca de um abrigo
Neste deserto de agonia
O vento sussurra segredos
Que só eu posso ouvir
Lembranças do passado
Que insistem em me ferir
Solidão, companheira fiel
Neste mundo de desilusão
Onde a estrada se estende
Até o horizonte,
sem direção
Mas sigo em frente
Com a esperança no coração
De encontrar um refúgio
Neste mar de solidão
E assim, na imensidão
Do BR 404
Entre Ceará e Piauí
Eu encontro a minha paz,
enfim.
Wallash Tom 🖊️