Reciprocidade
Era uma vez duas pessoas que se conheceram por acaso.
Em uma tarde de primavera qualquer,
Elas decidiram caminhar de mãos dadas.
A primavera se foi...
Ao observarem os rastros,
Eles podiam ver o símbolo do infinito.
Era o que eles estavam construindo.
Juntos.
Ao longo da caminhada havia promessa.
A promessa de que suas mãos não se soltariam,
De que os passos não diminuiriam,
De que a companhia do outro era tudo que importava.
Eis que um dia,
Em pleno outono,
Uma das pessoas vê que algo está errado.
Ao olhar para o lado ela nota,
Sua mão repousa solitária ao lado do corpo.
Ao olhar em volta é possível perceber...
Não há mais o infinito,
O que há agora é simplesmente um círculo.
Ela está andando em círculos desde o fim do verão.
Mas ela não desiste,
Continua andando em busca de formar o infinito pelos dois.
Mas é em vão.
De mãos dadas o infinito é difícil.
Sozinha, porém, ela percebe que é impossível.
Ela para de andar e consegue vê-lo afastado.
Ela pode se virar e ir embora.
Mas isso significaria não vê-lo mais.
A ideia é dolorosa demais.
Talvez ir seja mais doloroso do que continuar andando em círculos.
O infinito não existe mais,
Mas uma parte dele, sim.
E ela não quer desistir dessa pequena parte,
Fruto dos esforços de sua caminhada,
Sozinha...
Ela está sozinha.
Então ela percebe.
Ficando ou não,
Ela estará sozinha do mesmo jeito.
Mas se ficar, a visão dele estagnado persistirá.
E seus pés irão sangrar com a caminhada solitária.
Então ela enxuga as lágrimas e vira as costas,
Abandonando, de uma vez por todas, aquele círculo solitário,
Ela busca encontrar outra pessoa que lhe estenda a mão.
E, assim, talvez possa caminhar rumo ao infinito novamente.