Dias de Sol
Não impediu a sombra aguda, nem o choro do coitado, aquele brilho de excelso, invadiu.
Nem a pedra bruta, o caminho, o abrolho, seus espinhos, a faca que corta, o grito.
O murmúrio do zangado, o rosto abatido de feio, o deserto, o mar profundo.
O riso se fez notório, como brilho de sol de um domingo, como criança feliz.
Inda que, brumas de nuvens, lama e vereda, noites de cinza, sorrio de sol matutino.
Corta o caminho, a alma minha que vagueia, serpenteia em desertos, todavia, bem persiste.
E a luz que adentra em janelas, o quarto meu, tão reluz.
Invento a felicidade tão minha, pinto cores sobre o obscuro.
Entôo versos pra morte, e esta, distraída, afasta se em valsas.
De lampião e luzeiro, escrevo luzes, poesias, prosas, na noite escura que esvai.
Invento a felicidade tão minha, tenho um gozo de letras.
Não impediu a sombra aguda...
João Francisco da Cruz