Pedras tolas

A pedra inerte, como um tolo só, insistiu.

Miúda, desolada, a estrela em céu limpo, ninguém notou.

Pedra aguda de estrada boa, retiram do tropeço.

Amanheceu um Sol novo, e o pedregulho de pontas, teimou.

Uma sombra em dia frio, um vento que toca ao contrário.

Espezinha de quina, dor de calo , aguilhão de sapatilha.

Dias de nuvens não bastaram, sobressaiu como um anjo em fogaréu.

E o aguaceiro não arrastou a pedra, nem tão pouco a rocha leve.

Leva um vento, a pedra é.

De raíz fina e bem profunda, como bambus em vendavais, enverga pouco, sorrindo.

Todavia, trincou a terra bruta e semente.

Um floral cor de ipê, surgiu no campal e beleza.

De fresta discreta brilhou no dia das cinzas.

Despediu a sombra feia, o estilhaço incomodou de cores.

Prosseguiu o ribeiro entre os mares, as marés não o afogaram.

Correu o fio bem doce entre o fel e lamacento.

O Sol sorriu um brilho tímido, sobre a pedra tão insistente.

João Francisco da Cruz