O lívido Lavrador

O lívido Lavrador lavra com amor a terra

Sob o azul imenso e o céu sem fim,

E os rios cantantes, em suas floridas serras

De águas puras, vão germinar o florido jardim.

O lívido Lavrador lavra a ceifada terra

Sob o sol calmo do amanhecer

Na leiva onde se cerra e berra

A enxada do plantar, do amar e do viver.

O lívido Lavrador lavra a abençoada terra,

Enquanto os montes observam em paz

A cantilena dos pássaros que não se encerra,

E a brisa suave que em seu rosto duro traz.

O lívido Lavrador lavra a sangrenta terra,

Com mãos calejadas e a alma serena,

O olhar perdido no céu, mas a alma não erra

A ária da terra arada: a vida é grande e pequena.

O lívido Lavrador lavra, na toada, a suada terra,

Na sombra do olival, ao meio-dia,

A natureza em torno sempre intensa se aferra

À eterna rotina, que o tempo floresce e desfia.

O lívido Lavrador lavra a calcada terra,

Enquanto o mundo gira devagar,

A lua crescente, em noite fria e sincera,

Observa o seu trabalho e o faz sonhar.

O lívido Lavrador segue lavrando a terra,

E no ciclo eterno de plantar e colher

Encontra na labuta a paz que no peito gera,

Nos trigais afagados pelo sol e pelo chover.

O lívido Lavrador lavra a leitosa terra,

Sem pressa, sem pranto, sem ilusão,

E a terra responde, mãe que aflora e soterra,

Aos sonhos, aos dias e à calma do meu coração.

O lívido Lavrador lança seu suor, amor e labor,

Lavra a terra em laivos de luz e de dor;

Sob o luar, leve, lento, violento e tão laborioso,

Dos grãos aos frutos, vede: tudo é misterioso,

E tão... tão maravilhoso!

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 09/06/2024
Reeditado em 10/06/2024
Código do texto: T8082371
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.