Mania de Escuridão
Fechei as janelas,
Mas não foi o suficiente
(A luz ainda se esgueirava entre os rótulos).
Fechei então os rótulos,
Mas não foi o suficiente
(A luz ainda se esgueirava entre as frestas).
Esperei então que anoitecesse,
Mas não foi o suficiente
(Quando o breu da noite ameaçava cobrir o mundo, ergueram-se os postes de luz,
E ela ziguezagueava entre a escuridão),
Esperei que a energia faltasse,
Mas não foi o suficiente
(A luz descia do Céu deslizando em cordas
Amarradas na lua e nas estrelas).
Quis o destino que então chovesse,
E as nuvens escuras cobrissem o céu e tampassem os astros.
(A luz ainda se esgueirava entre as nuvens em forma de relâmpagos)
Decidi então fechar meus olhos
(Mas minhas pálpebras ainda revelavam um tom avermelhado de luz).
Já vencido, pude pensar: que bom seria se eu fosse cego,
Mas quando sonhei que era cego,
Ainda trazia a luz como lembrança ou ideia,
Percebi que ela sempre estaria em mim,
Coroada, sedenta, inapagável.