É preciso ser jovem para criar
No perispírito resguardar a criança
Que brinca em nós, sem desanimar...
É urgente acariciar a juventude celestina
Mesmo quando, imprevisível menina
Ela corre e dobra a esquina
Em busca de um novo amor.
Porque sem sua companhia
Aprofundam-se as rugas e o amargor...
Não há trabalhos nem dias
Que nasçam onde não brota a flor.
É preciso exercitar a doce molequeira
Contar casos, piadas, pela cidade inteira
E rir do seu próprio pôr do sol.
E quando pensares: estou velho
Respire e sinta desabalado amor
Pois aquela criança rompeu os contrafortes
Da fortaleza em que o tempo te encerrou.
Então escreva um poema, pinte um quadro
Abrace a mulher amada de repente...
E a vida, ainda que em outro passo
Saberá que tua alma não a abandonou.
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