Os lírios de Kierkegaard

Tu, ex-refém da urgência competitiva

cujas células agora se esparramam sem controle

deserda os leitos e jardins cuidados e restritos

vai às flores do campo,

abandonadas na rusticidade,

virgens de mãos de jardineiro

Funda teu acampamento e observa-as,

a sol e chuva, a suportarem o tempo em cumplicidade

vá, citadino, até que a luz

tenha parto e teus olhos tenham cura,

e possas entender – a tempo, isso

que a todo tempo finda –

que elas têm um Jardineiro

feito de sempres e de serenidades

Entrega, enfim, teus dias em Suas mãos,

e furta irmandade às flores e à eternidade