Natal

(Jorge de Lima)

Feliz de quem, quando o ano termina,

Possui um doce e acolhedor abrigo:

A companheira, o filho, a avó tão rara

Ou mesmo o amigo

Com quem possa se reunir em Cristo,

E sua vida interior desperte viva

De dentro de si uma alma de São Francisco;

O amor generoso, o heroísmo estranho

De beijar um leproso.

De lembrar-se de que há no mundo

Criaturas de Deus pelo Natal

Sem a companheira, e sem a avó tão rara

E sem um beijo de mãe ou um beijo de filho,

E até sem um livro que substitua o amigo.

Feliz de quem, quando o ano termina,

Pode ver a estrela no céu

E tem olhos ainda

Para encontrar Jesus.

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Publicado pela 1.ª vez no “Diário de Minas”, de Belo Horizonte, em 25/XII/1951. Disponível no Volume III de “Poesia Completa”, Editora Nova Aguilar, pág. 846.

Rafael Aparecido
Enviado por Rafael Aparecido em 16/01/2024
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