O que vem depois
A cura é gradativa
Sinto os remendos sobre a ferida
De um coração cansado
Castigado pelos anos
Ele já sofreu tanto
Que penso até em desistir
Fechar ele pra balanço
Reaprender a encontrar o equilíbrio
Voltar a dançar sozinho
Que a vida é um bolero e não um tango
Que o peito que guarda o pranto
Também guarda a ternura
A sede de novos gostos
A ânsia de bater novamente
A alma clama pungente
Preciso recomeçar
Volte pra si
Quantas vezes for necessário
Os refúgios são temporários
Mas só você é o seu lar
Tente se acostumar com os cômodos vazios
O silêncio é audível
Difícil não perceber
Vamos lá fora ver o sol
Tirar dos móveis o lençol que os cobrem
As poeiras dos móveis
Água para o colibri
Deixa o novo retornar
Arrume a sala de estar
Pra poder receber
Não deixar entrar tudo o que aparecer
E nem se isolar por completo
De vidro é feito o teto
Mas de aço é feito o chão
Nem sempre será verão
Ou dias ensolarados
Mas esteja preparado para os dias de chuva
E até nesse dias há ternura
E da chuva deve se banhar
Sem medo de se molhar
E reaprender a viver
Tudo há de acontecer no tempo certo
E no futuro tão incerto
Poder sorrir novamente
Com o amor sempre presente
Principalmente o próprio