Sou deixada para trás
Sou deixada para trás com um buraco vazio, uma ausência palpável que ecoa nas paredes da minha alma. Olho para o reflexo no espelho, e a imagem parece desvanecer, como se tudo o que eu sou tivesse se dissolvido na voragem do tempo. Nesse silêncio ensurdecedor, confronto a solidão que se instalou, um vácuo que parece intransponível.
Tentei, desesperadamente, encontrar em outra alma o antídoto para preencher esse vazio. Como um náufrago em busca de terra firme, me lancei nos mares das relações, ansiando que a presença de outra pessoa pudesse resgatar o que se perdeu. No entanto, descobri que a completude não se encontra nos abraços alheios, mas na aceitação interna.
É como se cada tentativa de encontrar a plenitude em outro ser fosse uma busca nas sombras por algo que só pode ser iluminado de dentro. Nesse processo, percebo que a busca por completude em outros corações muitas vezes resulta em desilusão, pois ninguém pode carregar o fardo de preencher os vazios que são meus e somente meus.
No entanto, há uma beleza na jornada solitária, uma beleza que se revela na descoberta de que o vazio não é um abismo a temer, mas um terreno fértil para o autodescobrimento. É no confronto com esse buraco, onde as sombras se encontram, que posso plantar as sementes da minha própria renovação.
Às vezes, somos abandonados por nós mesmos, mas é nesse abandono que encontramos a oportunidade de nos recriar. O buraco vazio, antes temido, torna-se um espaço sagrado, uma tela em branco onde posso pintar novos horizontes, esculpir uma versão de mim que ainda não conheço.
Portanto, ao encarar esse buraco, percebo que não sou uma ausência, mas uma presença em constante evolução. E na dança entre o que foi e o que está por vir, descubro que a verdadeira completude não está fora de mim, mas emerge do diálogo corajoso com a minha própria existência.
Diego Schmidt Concado