Do meu amor, primeira.
Noutros olhos morei
Nômade de mim
Passei percebida
Por estranhos olhares
Que me tocavam
Buscantes
Mas não viam a mim os meus
Em frente ao espelho
Reflexo cristalino dos meus olhos
Triste desencontrar
Era tão pequeno meu existir
Ou sequer existia qualquer porção de mim
Que não fosse na superfície da íris
De qualquer olhar por aí
Até me sentir um dia
Maior que as minhas retinas
Grandiosa na luz do dia
Pelas janelas do meu olhar
Eu não sabia
Quão imensa existia
Fora do cativeiro
Das expectativas alheias
Curada da cegueira
Aprendi a ser do meu amor
A primeira
Sem me perder de vista, noutras vistas
Transbordo ante os meus olhos
Como nunca antes
Inteira.