SERTÃO SONHADO
O amor que não vingou,
A árvore que não floriu .
Folhas secas que voaram!
Belas rosas que mucharam,
Pássaro livre que partiu.
Voa! Voa rumo à sua quimera.
Outono,inverno e primavera ,
Esperando a volta do verão.
Voa! Chora!
Vai voando neste sol escaldante!
O amor poético nesse instante,
Acelera o pulsar do coração.
Na terra o rachar do chão.
Rio seco também rachado,
Mato seco arame farpado,
Ossos que lembram o gado.
Grande lamento em oração
É a alma sem vida do sertão
Cenário morto ... apagado!
Velho Sertão!...
Do surrado gibão de couro;
Onde a água é o seu maior tesouro ,
Tesouro que falta todos os dias!
Sertão de terra ardida,
Gente forte e sofrida ,
Sem brilho, sem harmonia .
No curral se ouve o gemido.
No terreiro, menino desnutrido;
Brincando e pulando sem alegria.
Sertão das noites enluarada
Do carro de boi na estrada,
Com o seu gemido de dor!
Sertão do café na palhoça,
Da menina moça na roça .
Mulher em forma de flor.
Sozinha vive matutando:
Suando,pensando e sonhando,
Com o seu futuro amor!