A reflexão serena da minha solidão
Me pego solitária enfrentando medos sem abraços de proteção e cuidado
Nessa noite fria e insone
Numa cidade vazia sem cantos
Sinto falta do barulho do lugar que nasci
Do sorriso das pessoas simples que conheci
Do vento que sopra na varanda desse lugar
Nunca pertenci a terras e nem tive raízes
Mas meu lar e meu coração repousam acalentados onde houver brisa e cheiro de mar
Sinto saudade de caminhar descalça sob a areia gelada da praia
De refletir enquanto emaranho meus pés
Num toque suave de pertencimento
Há uma sensação de paz que não posso transcrever com as palavras que me dominam
Há tantos anos não escrevo ferozmente
Tomada pela correria de uma vida que não sei se devo pertencer
Tanta luta, tantas vozes queixosas que me rodeiam
Me culpo por duvidar que perdi a pureza do sentir
Violada por essa rotina insana que não me permite pensar com os olhos e enxergar com o coração
Hoje mentalizo a serenidade de quem eu era
Rebobino o meu sorriso de menina, inocente, sapeca e aventureira
Apenas para esboçar poesias
E reconectar a magia do amor que em mim sempre habitou.