Hipócrita Divino XVIII: Digno em ser indigno
Ele ofereceu sua glória,
Como incenso suave ao Pai,
Saltou essa escória,
Do mal, livrai.
Dentre todos, sou único,
Digno de ser indigno,
Marcado por sigilo rúnico,
Acolhido pelo divino.
Mesmo sem merecer,
Ouça minha oração,
Depois de meses sem escrever,
Eis minha canção.
Repete em meu ser,
Toda sua misericórdia,
De bondade alheia de me ver,
Vencerei toda a discórdia.
Estou cansado, molhe minha garganta,
De tua fonte eterna de benevolência,
A boca não fala, a alma canta,
Estou farto de tanta violência.
Não sou digno de Tua face,
Mesmo assim me abrace,
Viveria mil vidas dificultosas,
Para ver o universo em suas costas.
Querer morrer é fácil dizer,
O caminho dos covardes é acolhedor,
Difícil é querer viver,
Com o peso do mundo como dor.
Da fortaleza do Senhor,
Sou tua sentinela,
Mesmo não sendo merecedor,
Quero ter a alma singela.
Mostra tua glória, quero ver o que Moisés viu,
Se preciso serei meu Nêmesis,
Quero sentir o que ele sentiu,
Também quero ver a Gênesis.
De teu amor estou certo,
Que sou chama no frio do deserto,
Fagulha trêmula na areia,
Que arde, que guerreira.
Eu sou chama, corpo nu no frio do deserto,
Me recusando a apagar,
Quero ser palavra viva,
Quero lhe entregar a vida.
Aceite minha insignificância,
De não ter nada a oferecer,
Dentre todas as horríveis mortes,
Eu escolhi viver.