NO MIRANTE DO RASO, O PERFUME DO SERTÃO
No raso uma história, contada por que viveu
Ouvida por quem nasceu
Falada por quem cresceu
Esse raso tão famoso não é o da Catarina, nem o do Conselheiro, que num raso faleceu,
Esse vem de José Ferreira, no Carvalho registrou
Aqui chegando com sua amada, logo, logo se apossou,
Da terra abençoada, em que Deus abençoou,
A caatinga soberana, seu refúgio sonhador
José Ferreira de Carvalho,
Homem de garra e luta, abriu o primiro portão
onde a terra ele cercou, sua terra tão singela de Raso ele chamou, esse nome tão amado, foi ele quem pronunciou,
o tempo já não espera, a chuva que vai chegar
Ninguém sabe nem o dia, nem a hora do molhar,
A fazenda se metamofosou, em distrito e arraial
Pra cidade foi um pulo, sem festa, sem ter jornal,
Tudo foi só aumentando, a história a vigiar, cada passo dado errado, pra poder se ageitar.
No antônimo do raso, um mirante a desenhar,
Lá do alto a natureza, com o povo a contemplar
Toda história ali presente, cada uma a se narrar
Dos Pinheiros aos Carvalhos
Da cultura participar,
Peltir ali se fez, como um filho do sertão
Escolhido foi a dedo, esse pedaço de torrão,
Como um menino a bulinar
De alma viva a expressão,
Nos palcos ele expressou
Viva o nordeste, pulsaste na minha veia
Viva esse povo sofredor,
Peltier deixou história
Junto com Pedro sonhador,
Cada arte uma expressão
Cada aplauso uma flor,
No mirante os aplausos
Como pelatas jogadas ao ar
Levadas pela brisa do calor
Se és a mãe do dia
A noite enciumada
No teu colo lamentou.