Dores além da alma
Para além dos olhos e muito além do corpo,
Curvas imaginadas, esculpidas pela natureza
Ou pelas habilidades dos cirurgiões técnicos,
Capazes de dar novas formas, moldando e
Transformando o natural.
Para além dos corpos, das veias onde corre a vida,
Dos órgãos que trabalham incessantemente,
Que não descansam, mesmo quando somos vencidos,
Sim, vencidos pelo cansaço,
E pelas dores que ultrapassam o corpo.
Cansaço que nos diz que não somos de aço,
Que nos impõe o descanso, pois nossa mente inquieta
Não quer, não aceita, e impiedosa nos leva às madrugadas,
E só vencidos pelo cansaço nos desconectamos por poucas horas,
E já estamos de novo enfrentando as dores que transcendem o corpo.
Nos olhos, nos sorrisos que usamos como máscaras,
Nas esquinas, nos bares, nos copos de bebidas,
Em vão tentamos ocultar as dores, aquelas
Que vão além do corpo.
A mente e o corpo, engenhosa criação do Criador,
Não compreendem essas dores, pois elas estão além do corpo,
Elas estão na alma.
Essa dor é profunda e todos que a sentem
Buscam impacientes, sedentos pela cura.
Procura-se em rodas de amigos vazias,
Em mesas fartas, em objetos de luxo,
Em belezas supérfluas, em vão.
No entanto, como encontrá-la, pois
Para essas dores além da alma, somente o amor cura.
E fica assim, tão mais difícil, pois vivemos em tempos
De escasso amor.