ANJOS SEM ASA


Estrada, longa estrada,
Quantos vemos ao passar,
Na longa passagem da vida,
Miúdos jogados no chão.

Tempestade, densa tempestade,
Quantas aflições percorremos,
No frio um sopro terreno,
Ergue papelão de um corpo pequeno.

Cólera, rebeldia,
Nas mentes vazias de sabedoria.
Que em instinto sangue derrama,
Por um pingo de luz em suas camas.

Talento acorrentado,
As circunstancias da vida,
olhos fechados se negam
A enxergar suas feridas.

Anjos sem asa que do céu desaba,
Corpo pequeno deixado ao sereno.
Vozes caladas que a violência abraça,
Sonhos perdidos nos bancos das praças.