ESCRITO NO OLHAR
De repente,
A gente se sente,
Como um ressecado ipê,
A gente não vê,
Possibilidade de florescência,
Não vê nenhuma resplendência,
No sinuoso traçado,
A gente perde o portento,
A angústia deixa o olhar embaçado,
Reduz o sonho em fragmentos.
De repente,
A gente fica entre,
A cruz e a espada,
E não há nenhuma escada,
Que conduz à certeza,
Não há nada,
Além de uma alma indefesa,
Alma de asas feridas,
Na estranheza da vida,
Na vida de rupturas,
A angústia é quase loucura.
De repente,
Uma criança surge na frente,
Contempla com um sorriso estendido,
Retoma o s eu lúdico sentido,
Do nada a esperança surpreende,
Restaura a alma da gente,
A gente ascende, acende, entende,
Nem tudo está perdido,
Está escrito,
Naquele olhar tão bonito.