O MENINO, O CORCEL E A VIDA
O calção, a camiseta, os chinelos,
a "armadura" completa de um sonhador,
montei no cavalo selado de estopa,
deixei pra trás as ilusões e a dor.
O mundo desponta à minha frente,
mil vezes maior do que parece,
cada riacho parece um grande mar,
cada montanha é tão somente um grão...
Homens em sua lida sofrida,
reviram aquela terra seca, sem vida,
jogando nela as poucas sementes,
regando com o que conseguem chorar.
Nem belos chapéus, nem cabelos,
apenas latas d'água na cabeça,
nesse desfile, nesse desterro,
dessas mulheres simples, tão guerreiras.
No coração talvez a tristeza,
mas, no ar o cheiro da esperança,
de quem em cada respirar acredita,
que a vida tem beleza, é bendita.
Num instante essas distâncias,
parecem tão pouco a percorrer,
quero tanto ainda viver,
para curar as minhas ancias,
de ver o mundo ser melhor,
ficar pra trás apenas o pior,
e podermos todos sair a "galope",
vendo da vida suas maravilhas.