HÁ SEMPRE UM RECOMEÇO
Poema de Natal
21/12/2020
Velho, por que este olhar
distante no espelho?
Onde foram as tuas oportunidades,
tua glória e teu dinheiro?
Onde estão os teus amores?
Velho, o que te diz o espelho?
Que não há esperança?
Não há chances nem sonhos?
O que te pode motivar na tua estrada?
O que pode fazer sorrir teu coração?
Se teu espelho não diz,
eu digo: Recomeço.
É possível, velho, reiniciar
a estrada que tua vida fútil maltratou.
Teus sonhos, teus amores, teu dinheiro.
Não foi por outra
que Jacó, no Jaboque,
na angústia, no medo intenso,
foi avisado da vitória.
Um recomeço.
Não foi por outra
que Adão e sua esposa,
ajoelhados perante a morte,
receberam do Criador a graça, a sorte.
Um recomeço.
Não foi por outra
que Davi, envergonhado por Natã,
sendo um poeta purificado com hissopo,
escreveu: "Feliz o homem perdoado".
Um recomeço.
Não foi por outra
que Paulo, torturador, na cegueira
VIU a nova estrada a percorrer
e não aquela amaldiçoada de Damasco.
Um recomeço.
Não foi por outra
que o ladrão crucificado, cego
pelo suor e pelo sangue, também
VIU no Redentor a certeza de um novo reino.
Um recomeço.
Não foi por outra
que o velho Jó contemplou dez esquifes
dos seus filhos, animais mortos,
as ruínas dos seus celeiros e as chagas,
mas VIU um recomeço.
Não é por outra,
velho, que ao contemplar o presépio do Natal e
o Salvador bebê, pode você também VER que,
ao final do longo trecho da jornada,
há sempre um recomeço.
-o-o-o-