Vinhedo
Costumava cantar num vinhedo
Lá era um lugar cheio de medo
De vergonha, juízo e humilhação
De fato não havia quem estendesse a mão
As aparências eram o que importava
Mas era tudo engano, uma cilada
Depois de preso as vinhas te entrelaçavam
De um falso mundo viravam escravos
Mentes eram lavadas, manipuladas
Toda sua verdade era apagada
Negar a si mesmo era exigência
Sumindo com toda sua existência
Fantoches! De mentes vazias, alma perdida
Deboche! Da vida real, lá não cabia
Se tentar fugir, escapar, lobotomia
Não há para onde ir, razão cedia...
Um dia pude ver a luz da minha janela
Nada que pensei do mundo era o que era
Mas após despertar, como desertar?
Pular da janela era algo que podia tentar?
Corri o quanto pude, me afastei
Era um lindo dia, agora que acordei
As vinhas que me amarravam, eu as quebrei
Agora eu posso viver, me libertei...
Mas e as almas perdidas que sobreviveram?
Como posso livrá-las do mal que ensandeceram?
Será que para elas há salvação?
Ou estarão pra sempre presas, sem redenção?
Meu papel é cantar e externar
Que eu consegui o vinhedo abandonar
E nunca é tarde para dizer
Que no mundo aqui fora você é livre pra viver