DEPOIS DA TEMPESTADE

 

Deixe-me lavar a cara agora
Que não demora
Deixar nas águas
Tudo que chegou de mágoa.

 

Passar as mãos com gosto
Lavando bem o rosto
Neste alívio que prenuncia
Fim de noites suadas tardes frias.

 

Não é como a primeira vez
Na mão da mãe que me fez
Que não media esforços
Para cuidar de quem ouvia sua voz.

 

Nem tal como minha avó passava
Com mãos enrugadas acariciava
Seu legado assustado
Que sempre caminhava ao seu lado.

 

Deixe-me lavar a cara agora
Passar as mãos com gosto
Não é como a primeira vez
Nem tal como minha avó passava
É apenas um homem que chorava.