Velhisse
O Tempo passou.
Quando eu lembro de meu tempo moço,
Onde meus pensamentos ainda imaturos,
Nervos duros, rosto e dentes, um colosso,
Ansiosa esperança de futuro!
Da imprudência, não media o poço,
Pois não tinha medo do escuro,
Não contava os dias, no esboço
Sem projeto, andava sempre duro!
Então lembro do vigor de jovem,
Pela força eu dava arrancões,
Com a energia que a todos movem
Dos sarados e notáveis pulmões.
A vida, era um paradisíaco,
Lá do zodíaco, vinha a inspiração,
Bela canção, e vinho afrodisíaco,
sonho liríaco vibrava o coração!
Tudo o que de mais belo: os sonhos,
As paixões, orgias, gargalhadas...
Fascinadas histórias metralhadas,
Por irmãos e por amigos tão estranhos.
Agora, meus pulmões comprometidos,
Tempos vividos, com saudades, das canções
Das serenatas, dos amores, das paixões,
Com outra mente, e objetivos decididos!
Corpo cansado, e com alma de criança
Com esperança em dar abraço à eternidade
Neste corpo, que não mais ri, não corre e cansa!
E que se enfadonha de tanta modernidade.
Aguarda em pé, no Cristo Ressuscitado
De quem ganhou, num longo grito de bravura
Sem ter um cento em minha aljava guardado
Fui resgatado, por sangue e por tortura!
Já pouca força, que sinto esvaziar-se...
Já sem mais tempo de sonhar como sonhava,
Já sem mais gosto, de que aquele tempo voltasse...
Lamento os dias que fora na vida eu jogava!