O Coração

Remexendo minhas gavetas, lá no fundo,

Encontrei algo sem uso, abandonado,

Tinha vida própria; um soluço profundo,

Aparentava há tempos estar ali jogado.

Tem uma cor vibrante, um vermelho rubro,

Sua forma cardioide impressiona ao ver;

Não sei do que se trata, mas logo descubro,

Deve ter valor; algo para se manter.

Por tanto tempo aqui guardado, em desuso,

Nunca fez falta e ninguém reclamou ausência,

Um desleixo sem causa me deixa confuso;

Quero saber a origem da real existência.

Consultando a memória de um tempo distante,

Lembro: por desuso, meu coração guardei,

Lá, isolado, dentro de uma velha estante,

Larguei-o; abandonado, algo que tanto amei.

Tomei em minhas mãos, abri para ver por dentro,

Surpreendi-me com tantos compartimentos,

Lá encontrei nomes e tinha um bem no centro;

Era seu, senhora de tantos sentimentos.

Fui lembrando aos poucos de sua utilidade:

Tinha quatro cavidades bem definidas,

Aqui fica o amor; do outro lado, a saudade,

A gratidão, a paixão; todas bem repartidas.

Resolvi devolvê-lo ao seu local de origem:

É fácil viver sem amor, sem gratidão,

Sem saudade ou sem paixão, porém, ninguém,

Pode viver sem partilhar o coração.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 12/01/2023
Código do texto: T7693526
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