Esperança
Esperança
Delasnieve Daspet
.
E, assim, sigo. Buscando.
Restam em mim, o verão, o outono e o inverno,
A primavera fica-me no corpo, em flor.
Guardo comigo o que encontro
Pelo caminho. Recortes que ficaram
Do toque, do cheiro, do amor.
As cores, em arco-iris, fulguram em meus olhos,
Levo, nas mãos, o azul do sonhar.
E, no amanhecer de todas as horas,
Levo em mim a tarde, o sol-por, a moldura das estrelas.
Sigo nos barcos. Nas nascentes dos rios
Que me ensinam o caminhar.
Nas noites geladas do meu inverno
Busco o sol que aquece.
O amor transforma o medo e mata a fome.
E, quando eu partir, à derradeira,
Buscarei noutros tempos – a esperança
Perdida no esquecer.
Não venci o adeus,
E o buraco negro que dorme, também, se consome.
20.10.22