A última madrugada sem fim

És bela sim, por natureza,

Esbelta aos olhos do luar,

Onde se afloram canções inigualáveis

De silêncio.

Ou, às vezes, de cantos agonizantes

De pássaros ao longe,

Que não se sabe de onde vêm.

A pouca e leve brisa no rosto

Determina o branco e frio do

Corpo, sentado na calçada

Solitária defronte à avenida

Silenciosa e pouco iluminada.

Ainda é escuro e a alma

Perdida mira uma escuridão

Que não sente nem espia.

Entre doces perfumes e

Pensamentos recônditos,

Há uma solidão embriagada

De ocultas indecisões.

A luz de uma aurora

Distante reflete

Ainda mais dúvidas

De uma rebelião interna

Que se trava entre corpo e alma.

Sem rumo, sem direção,

Sentado apenas,

Buscando a inevitável luz,

À procura da solução.

Em meio aos raios solares

Que penetram a alvorada,

Nasce a certeza de que nada

Dura uma vida inteira,

E que várias coisas acontecem

Em contextos diferentes.

Com isso, descobre-se que

O nosso maior medo é recomeçar,

Mas que não vale a pena se perder,

Pois em meio a esta sórdida embriaguez,

O que importa é amanhecer.

Deixa amanhecer...

Há mil motivos para viver.

⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ "Oh! madrugada de ilusões, santíssima,

⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ Sombra perdida lá do meu Passado,

⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ Vinde entornar a clâmide puríssima

⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ Da luz que fulge no ideal sagrado!"

⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀ (Augusto dos Anjos)

Adriano Vox
Enviado por Adriano Vox em 22/12/2022
Reeditado em 29/07/2023
Código do texto: T7677896
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