Crer
Eu não posso olhar meus olhos
Mas os vejo.
Não posso deixar-me largado
à imensidão das margens curvadas
deste rio desumano.
Não posso crer que os ventos sopram
sempre na mesma direção.
Nem posso calar o canto da chuva
esmagando a poeira do dia.
Eu não posso calar. Não...
Não posso deixar-me enveredar, sem luta,
nos perdidos caminhos.
Eu tenho que resistir.
Tenho que erguer o grito, um eco
Tenho que sonhar e crer.
Crer que a vida é um ponto
de onde partimos com direção...
incerta. Mesmo incerta...