Cais da Esperança
No cais das lembranças
Saudade, tristeza, alegria,
Navegaram no mesmo pensamento
Em noites turvas e frias
Atracaram os sentimentos
Afogaram a nostalgia.
No cais do dissabor
Ancorou a nau tempestade
Angústia, pesar e dor,
Marulhavam infelicidade
Mas um dia desancorou
Partiu sem deixar saudade.
No cais da solidão
Nem sombra havia
Repousava a amplidão
O tudo era enfastia
Nada se dividia
Monótona maresia.
No cais da ternura
Caravelas em movimento
Afeto, apego, candura,
Finas especiarias de sentimentos
A estibordo a tormenta perdura
Ancoravam por um breve momento.
No cais da esperança
O trapiche mais agitado
O olhar saudoso alcança
Um convés abarrotado
Arpando em regresso
Todo o bem desejado.