Nunca mais, canto do sabiá
Nem broto novo em floreira
Nem aeronaves riscando o ar
Nem o chiado forte da chaleira
Jogado...sucumbindo aos poucos...
Nunca mais cantar, cantou!
Nunca mais, sereno caindo
Nem rio vertendo nas cheias
Nem o trem que vai partindo
Nem o juntar na hora da ceia
Inerte, quase sem movimentos...
Nunca mais sorrir, sorriu!
Nunca mais banho no lago
Nem sol fresco no amanhecer
Nem anzol armado ao lado
Nem o cafezinho preto pra beber
Desalentado, à espera do fim...
Nunca mais rimar, rimou!
Nunca mais frio que congelava
Nem chapa, fogão, fogo e calor
Nem lenha sequinha que estralava
Nem acobertado grosso, nem cobertor
Desesperançado...sem ter ninguém...
Nunca mais sonhar, sonhou!
Nunca mais frutas no pomar
Nem doces rasantes de beija flor
Nem navios cruzando o mar
Nem alegria, carinho, nem amor
Passando...deixando a vida
Nunca mais amar, amou!
Nunca mais preces, todos os dias
Nem hóstia ofertada no corredor
Nem Pai No..., Credo..., nem Ave Maria
Nem bênçãos de Nosso Senhor
Estirado, corpo rente ao chão
Nunca mais...?
Nada disso!
Pois enquanto vamos vivendo, vamos morrendo
E assim que partimos, é nessa exata hora que vamos renascer, para sempre!
Porque aquilo que parece ser o final, será na verdade o começo...
O final de nove meses no escuro, envolvido pelo líquido amniótico,
marca para o começo da vida na sociedade, onde tudo se faz novo e diferente!
O final da vida física também é o começo para a vida na eternidade.
Quando um ano termina, outro começa. Então podemos dizer que o “fim, é o começo”.