Sede
Sede o rebelde
Com petulante e admirável insistência
Quando fria, dura e surda
A vós insensível e imponente a parede murmura
Palavras de vil e intransponível intransigência
Sede o rebelde!
Sede o louco
Pelos outros censurado,
Com estrelas no olhar a contemplar apaixonado
Tudo aquilo que vos faz o coração bater descompassado
E que eufórico ri, pula, dança, canta, grita
Aos quatro ventos, com entranhas vivas!
Sede o louco!
Amai, sonhai, vivei
Porquanto vão-se as horas do relógio, passam
São o volátil e tornam o ser vulnerável
Pois que Cronos é implacável
E torna-se recomendável aproveitar o dia do começo ao fim.
Mergulhai profundo e denso
Para então saltardes altíssimo
N'alvorada dos deuses d'Olimpo
No campo dos sonhos cultivai flores
Fazei vossa gloriosa entrada no panteão de vossos amores!
(Gênnifer Gonçalves)